quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Correndo Na Chuva

Ontem foi filmada uma das cenas mais complexas, se não a mais complexa, do filme "Voltas". Sem fotos, sem vídeo de making-of... Sem nenhum registro pra acompanhar essa postagem - e não é nem pra causar suspense ou omitir as "surpresas" do filme: o fato é que coincidiu daqueles que sempre trazem as câmeras pra fazer o making-of, justo nesse dia, esquecerem todos as câmeras.

Mera coincidência? Um golpe do destino? Seja como for, uma das câmeras(sim, pela primeira vez, até agora, nós usamos DUAS câmeras simultâneas) que foram usadas pra fazer as filmagens da cena captou alguns instantes de preparação antes de começarmos a rodar, mas esses segundos de making-of não conseguem descrever 1% do que todos nós passamos naquela noite chuvosa de terça-feira. Aliás, nenhum exército de imagens captaria toda a emoção, a adrenalina, o desespero, o corre-corre que foi esse dia de filmagem!

E o que escrever pra resumir tudo isso?

Poderíamos começar pela ameaça de chuva e a leve garoinha que já preocupava toda a equipe, quando nosso Diretor afirma seguro e convicto de que "fazendo chuva ou sol, hoje essa cena vai sair"!

Vão chegando mais integrantes da equipe, começamos a ligar pra quem ainda não chegou, recebemos ligações de outros membros que ficaram esperando no CEP ao invés de ir direto ao Largo... Alguns probleminhas básicos de informação.

Poderia-se também enfatizar no engradado de equipamentos, no TNT usado pra "naturalizar" a iluminação noturna, e ainda, o sangue que tinha cheiro de framboesa, rss...

Tripés prontos, extensões e fios ligados, luzes preparadas... E chegam os atores para a maquiagem...

Ou podíamos nos deter à célebre luta entre dois personagens, indo do balé absurdo (estilo power-ranger bebum) da primeira tomada até uma luta mais realista num empurra-puxa-agarra-soca realmente cinematográfico. Uma cena agressiva e chocante que ficou ainda mais desesperadora quando a garoazinha virou um big aguaceiro nos atores, no equipamento, nas cêmeras, na equipe e na galera de olheiros curiosos que circundavam a locação! Foi um corre-corre muito louco, um desespero danado pra não molhar nada, quando uma "chuva" de guarda-chuvas surge para salvar a pátria e a cena termina com a doce bênção da Mãe-Natureza a encharcar o drama e quase levar consigo as chaves do carro de nosso professor!!!



Bom... Esse texto podia ser escrito de maneiras tão mais poéticas, ou mais técnicas, ou talvez um tanto mais alegres e engraçadas, ou quem sabe com uma pitada de seriedade e um apelo à reflexão... Ou mais direta e resumida, mencionando tudo num único parágrafo.

Poderia ser escrita mais romântica, filosófica, agressiva, amena, imparcial... Mas ela foi escrita assim, como você a vê agora. Pode estar com uns errinhos aqui e ali, umas emoções a mais e outras coisas a menos: muita coisa pode ter passado despercebida, muita coisa pode ter sido demasiadamente enfatizada... Mas esse é apenas um ponto de vista da pessoa que escreve este texto agora.

E assim é com esse filme: Um roteirista experiente poderia pegar o argumento e dar uma roupagem mais dramática, talvez até mais cômica, ou quem sabe mais impactante, ou romântica, ou quem sabe reflexiva, poética e por aí vai: seria uma visão dele, não necessariamente a melhor ou a mais correta. Uma produtora cheia de recursos técnicos, efeitos especiais, grua e demais parafernálias poderia fazer isso de uma maneira talvez totalmente diferente do que nós fizemos e fazemos, mas nem por isso poderia-se garantir que o resultado seria melhor.

Essa é a graça de fazer Cinema, a essência da Sétima Arte na Arte dos multi-olhares, das multi-técnicas, das multi-maneiras de se contar uma mesma história. Por isso esse blog é escrito por várias pessoas, porque cada um tem uma visão única e diferente, contando por vários pontos de vista essa história por trás da história.

E assim é a história deste filme: contada de várias maneiras, focada de formas diferentes, por pessoas diferentes, por diferentes pontos de vista. Uma singela metáfora do olhar para os mais observadores.



(é, eu me empolguei demais sim ¬¬")

2 comentários:

  1. Gostaria de comentar que o meu sangue jamais cheiraria à framboesa, pois ele não foi feito com framboesa. :B

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  2. ahh... mas tinha cheiro de alguma fruta, isso eu garanto! ;P

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